Uma recente decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), proferida em 17 de fevereiro de 2025, lançou luz sobre uma questão complexa no cenário empresarial e do agronegócio: a separação entre as dívidas de uma empresa e a recuperação judicial de um indivíduo, especialmente quando este atua como produtor rural. O caso, analisado pela 19ª Câmara de Direito Privado, reformou uma decisão anterior, evidenciando a importância de uma análise minuciosa da origem e natureza das dívidas em processos de execução.
Para esclarecer os pontos cruciais dessa decisão, buscamos a visão do advogado Henrique Lima, sócio da Lima & Pegolo Advogados Associados. Questionado sobre a principal lição que podemos extrair desse caso, Dr. Henrique ressaltou que “a principal lição é que a recuperação judicial de um produtor rural, enquanto pessoa física, não impede automaticamente a execução de dívidas contraídas em sua atuação como empresário, principalmente se a obrigação decorrer de uma garantia dada como devedor solidário.”
Ainda buscando entender os requisitos para que essa distinção seja aplicada na prática, o advogado explicou que “é fundamental que a dívida em questão seja extraconcursal, ou seja, que não esteja diretamente ligada à atividade de produção rural exercida pelo produtor. Além disso, é crucial verificar se o crédito foi devidamente contabilizado pela pessoa física, conforme exigem os artigos 48 e 49 da Lei 11.101/05.”
Em um comentário final, Henrique Lima enfatizou: “Essa decisão reforça a necessidade de uma análise aprofundada das obrigações e da situação financeira, tanto da pessoa jurídica quanto da pessoa física, especialmente em casos envolvendo produtores rurais que também atuam como empresários. É imprescindível buscar a assessoria de um advogado especializado para avaliar cada caso individualmente e evitar decisões que possam comprometer seus direitos.”
A decisão do TJSP demonstra que a simples existência de um processo de recuperação judicial da pessoa física não impede a execução de dívidas de natureza empresarial, desde que comprovada a distinção entre as obrigações e a correta contabilização dos créditos.
Se você é produtor rural e empresário, esteja atento aos seus direitos e procure orientação jurídica especializada para proteger o seu patrimônio!